A voz é também um importante meio de expressão com o mundo e creio que a maneira como colocamo-nos sonoramente no mundo é justamento como gostaríamos de ser identificados e reconhecidos, pois características vocais saudáveis trazem em si traços da personalidade de cada indivíduo.
Insisto em separar a voz real e saudável da voz doente, pois é justamente isso que gostaria de colocar como reflexão nesta postagem.
Convivemos em sociedade e, para o que cremos ser o bem estar da mesma, por vezes somos levados a abdicar de possibilidades sonoras fora do trivial, ou ainda para que nos adaptemos. Gritamos, emudecemos, sussurramos, buscamos mudar o timbre natural da voz por ser "muito agudo" etc. E padrões vocais equivocados que se repetem levam a uma deformação da auto-imagem vocal, escondendo nossas reais capacidades sonoras.
Um elefante disfarçado de gato pode até conseguir miar - é provável que de maneira grotesca e por um curto espaço de tempo - para tentar ser aceito entre felinos, mas ainda assim não deixa de ser um elefante; não terá a mesma agilidade, não soltará pelos e nem buscará carinho se roçando por entre as pernas de um ser humano qualquer.
Mas no mundo há espaço para gatos e elefantes desde que cada um entenda sua maneira de dialogar com este ambiente sonoro, pois é também verdade que um gato não terá a mesma força e potência de um elefante.
Entender as peculiaridades de seu próprio som e tirar proveito disso acredito ser a magia no processo do uso expressivo da voz, seja sua voz um gato, um elefante, um grilo, um trovão, uma cachoeira, um cacto...